Num núcleo existem vários prótons, todos positivos. Por que a repulsão não os afasta? Acontece que nos núcleos existem, além das forças elétricas, forças não-elétricas, chamadas forças nucleares. Estas forças nucleares são maiores que as forças elétricas, o que as permite manter os prótons unidos, apesar da repulsão elétrica. Entretanto, as forças nucleares possuem um alcance curto – sua intensidade cai mais rapidamente que 1/r² . Este fato possui uma importante consequência. Se um núcleo tiver muitos prótons, ele se torna muito grande e estes prótons não conseguirão se manter unidos. Um exemplo é o urânio, com 92 prótons. As forças nucleares atuam principalmente entre cada próton (ou nêutron) e seus vizinhos mais próximos, enquanto as forças elétricas atuam em distâncias maiores, criando uma repulsão entre cada próton e todos os outros prótons presentes no núcleo. Quanto mais prótons houver no núcleo, mais forte será a repulsão elétrica, até, como no caso do urânio, o balanço ser tão delicado que o núcleo está prestes a se estilhaçar devido às forças elétricas. Se tal núcleo for ligeiramente “cutucado” (o que pode ser feito enviando-lhe um nêutron lento), ele se partirá em dois pedaços, cada um com carga positiva e estes pedaços se afastarão pela repulsão elétrica. A energia liberada neste processo é a energia de uma bomba atômica. Esta energia é usualmente chamada energia “nuclear” mas é, na verdade, uma energia “elétrica” liberada quando as forças elétricas superam as forças nucleares atrativas.
Richard P. Feynman
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