Historicamente,
ainda vale ressaltar que Michael Faraday (1791-1867) propôs o método
utilizado atualmente para a representação das linhas de campo ao redor
de um ímã, desenvolvendo a noção de que o espaço é modificado por um
material magnético. O professor Hans Christian Oersted também merece
destaque. Em 1820, demonstrou experimentalmente a produção de um campo
magnético a partir de uma corrente elétrica, relação essa, quantificada
por André-Marie Ampère (1775-1836).
O campo magnético terrestre é produzido por correntes elétricas cuja origem é
indefinida, possui enfraquecimentos como a Anomalia Magnética do
Atlântico Sul (AMAS) e polos que se deslocam e podem se inverter ao
longo do tempo. Além disso, constitui uma barreira protetora contra
partículas carregadas vindas do espaço, fato que gera muita discussão e
curiosidade, principalmente em relação às auroras boreal e austral, as
quais são causadas por partículas que conseguem atravessar o campo nas
proximidades dos polos.
ORIGEM DO CAMPO MAGNÉTICO TERRESTRE
Em uma hipótese preliminar, acredita-se
que o campo é resultado da magnetização natural de alguns materiais
presentes na estrutura geológica do planeta.
Nesse sentido, sabe-se que a Terra tem
um formato aproximado de uma esfera com raio médio de 6.378 km. A partir
do ponto central, o núcleo interno possui algo em torno de 1.228 km de
raio e o núcleo externo se estende desse ponto até 3.488 km de raio,
totalizando mais de 54% do diâmetro do planeta. Além disso, o núcleo
como um todo contém 32% da massa terrestre. Entre o núcleo externo e o
manto existe uma camada de transição com uma espessura de 190 km. Nela
ocorrem movimentos provocados por convecção, pois existe uma constante
troca de calor. O manto se estende de 3.678 km até 6.338 km de raio,
chegando a conter mais de 67% da massa terrestre. Os 40 km restantes
representam a espessura da crosta terrestre. O núcleo é composto por 80%
de ferro e 19% de níquel. A porção interna é essencialmente rígida e a
porção externa é líquida e extremamente condutora de eletricidade. O
manto é rico em silício, oxigênio e magnésio. Essa estrutura é mostrada
na Figura 01 [Correa, 2007].
A Terra possui temperaturas internas
muito elevadas, A partir de uma temperatura conhecida como ‘ponto
Curie’, todos os materiais ferromagnéticos sofrem um processo de
‘desmagnetização térmica’, tornando-se paramagnéticos. Os valores do
ponto Curie para os principais materiais ferromagnéticos são
apresentados pela Tabela 01.
Para
o ferro, o ponto Curie é atingido em torno dos 25 km de profundidade.
Desse modo, a magnetização natural só é possível em uma fina camada da
crosta terrestre. Amostras de superfície e amostras profundas (retiradas
na perfuração de poços) indicam que, mesmo se a crosta terrestre for
tomada como um todo, não existe material naturalmente magnetizado
suficiente para produzir o campo magnético terrestre [Barnes, 2010].
Atualmente,
é consenso entre os cientistas uma hipótese onde se acredita que o
campo é produzido por enormes correntes elétricas que circulam no
interior do planeta. Essas correntes são produzidas pelo movimento de
partículas carregadas existentes no núcleo externo (porção líquida).
Esse movimento é facilitado pela alta condutividade do local.
BARREIRA DE PROTEÇÃO
Como
se pode observar na Figura 03, além do sentido oposto em relação aos
polos geográficos, os polos magnéticos se apresentam bem afastados
destes atualmente. Por exemplo, o polo (sul) magnético se encontra a
cerca de 1.800 km do polo norte geográfico. Essa discrepância é
conhecida como declinação magnética, e está representada na Figura 03.
A
análise de extratos rochosos evidencia modificações ao longo das eras
geológicas, demonstrando que o sentido do campo não é estável. Os átomos
de ferro fundido expelidos em erupções vulcânicas são desorientados em
virtude da agitação térmica, mas uma grande quantidade desses átomos se
alinha com o campo magnético terrestre durante o resfriamento e
solidificação do material, deixando esse alinhamento registrado na rocha
ígnea resultante. Quando extratos de rochas provenientes de diferentes
eras geológicas são comparados, torna-se possível determinar o campo em
diferentes períodos. As evidências encontradas demonstram que em certos
períodos o campo teve sua intensidade reduzida até se anular, sofrendo a
seguir uma inversão de sentido e, consequentemente, uma troca de
posição entre os polos. Mais de vinte inversões ocorreram ao longo dos
últimos 5.000.000 de anos. A mais recente aconteceu há cerca de 700.000
anos [Hewitt, 2011].
Estudos
realizados em sedimentos extraídos do fundo do mar indicam que o campo
permaneceu desligado aproximadamente entre 10.000 e 20.000 anos, há
cerca de 1.000.000 de anos. A próxima inversão é imprevisível, pois a
sequência de ocorrências não é regular. Entretanto, medições mais
recentes revelam uma redução da intensidade do campo, em torno de 5%,
nos últimos 100 anos. Se essa variação for mantida, outra inversão pode
ocorrer nos próximos 2000 anos [Hewitt, 2011].
Fig. 4 Anomalia magnética do atlântico sul. |
A
suspeita de uma nova inversão em andamento é reforçada pela existência
de uma região no campo onde ocorre uma redução significativa de
intensidade, conforme mostrado na Figura 05. Localizada principalmente
sobre o Brasil, essa região é conhecida como Anomalia Magnética do
Atlântico Sul (AMAS).
A
região demarcada na figura tem incidência de um grande número de
radiação. Tal anomalia pode afetar satélites e outros instrumentos, o
Telescópio Hubble não realiza nenhuma observação quando esta passando
pela região.
Além dos ventos solares, a magnetosfera
também protege o planeta de raios cósmicos, cuja
descoberta é atribuída a
Victor Hess que, por meio de experimentos com balões, notou que o fluxo
de radiação ionizante, até então associada à radioatividade ambiente do
solo, se intensificava com o aumento da altitude. Isso o levou a
conclusão de que provavelmente a fonte desta radiação teria origem fora
da Terra [Oliveira, 2014]. Os raios cósmicos são constituídos
essencialmente de prótons e outros núcleos. Os prótons podem ser
oriundos do ‘Big Bang’ e os núcleos mais pesados de estrelas que explodiram [Hewitt, 2011].
Fig. 5 Ação da Magnetosfera sobre o vento solar. |
Fonte: http://www.ufjf.br/fisicaecidadania/aprendendo-e-ensinando/faca-voce-mesmo/magnetismo-terrestre-um-laboratorio-natural/
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